quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Apontamentos para o Natal



Somente alguns trechos de alguns livros...
Uma posição radicalmente ateísta pode até significar que sua vida é uma corrida rumo ao esquecimento - mas ao menos você pode fazer isso com estilo. Como você se comporta hoje, o que você faz em cada momento, como você explora os talentos e as oportunidades à sua disposição são coisas muito mais importantes para um ateu genuíno do que para os devotos mais religiosos. Longe de perder o sentido, o que você faz nesta vida subitamente torna-se incrivelmente importante, já que você só tem essa única possibilidade de fazer a coisa certa, de mudar alguma coisa, de contribuir de alguma forma para aqueles que você ama ou que seguirão seus passos.
Bradley Trevor Greive, no prefácio de O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams (2004)

Você pode sair por aí beijando todos os muros do mundo, e todas as cruzes, e fêmures, e tíbias de todos os santos mártires abençoados que já foram trucidados pelos infiéis e, de volta ao escritório, ser um filho da puta para os seus funcionários e em casa um perfeito pentelho para a família.
Philip Roth em O Avesso da Vida (1986)

(…) nossa civilização é tão vasta que não podemos permitir que nossas minorias sejam transtornadas e agitadas. Pergunte a si mesmo: o que queremos nesse país, acima de tudo? As pessoas querem ser felizes, não é certo? Não foi o que você ouviu durante toda a vida? Eu quero ser feliz, é o que diz todo mundo. Bem, elas não são? Não cuidamos para que sempre estejam em movimento, sempre se divertindo? É para isso que vivemos, não acha? Para o prazer, a excitação? E você tem que admitir que nossa cultura fornece as duas coisas em profusão…
Ray Bradbury em Fahrenheit 451 (1953)

É um fato importante, e conhecido por todos, que as coisas nem sempre são o que parecem ser. Por exemplo, no planeta Terra os homens sempre se consideraram mais inteligentes que os golfinhos porque haviam criado tanta coisa - a roda, Nova York, as guerras, etc - enquanto os golfinhos só sabiam nadar e se divertir. Porém, os golfinhos, por sua vez, sempre se acharam muito mais inteligentes que os homens - exatamente pelos mesmos motivos.
Douglas Adams em O Guia do Mochileiro das Galáxias (2004)

Nada estava em sintonia, nunca. As pessoas vão se agarrando às cegas a tudo que existe: comunismo, comida natural, zen, surf, balé, hipnotismo, encontros grupais, orgias, ciclismo, ervas, catolicismo, halterofilismo, viagens, retiros, vegetarianismo, Índia, pintura, literatura, escultura, música, carros, mochila, ioga, cópula, jogo, bebida, andar por aí, iogurte congelado, Beethoven, Bach, Buda, Cristo, heroína, suco de cenoura, suicídio, roupas feitas à mão, vôos a jato, Nova York, e aí tudo se evapora, se rompe em pedaços. As pessoas têm de achar o que fazer enquanto esperam a morte. Acho legal ter uma escolha.
Charles Bukowski em Mulheres (1978)

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