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A filosofia de Aristóteles, sempre presente no Ocidente, mas particularmente relevante após o século XIII, foi umas das grandes barreiras a ser vencida pelo pensamento científico moderno, que se origina, entre outros, com Nicolau Copérnico (1473-1543), Francis Bacon (1561-1626), Galileu Galilei (1564-1642) e René Descartes (1596-1650). Na biologia, o essencialismo aristotélico perdurou ainda mais, e só sofreu severas avarias a partir da teoria da evolução através da seleção natural, de Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823-1913), em meados do século XIX. Algumas das práticas utilizadas por Aristóteles, entretanto, permanecem em certas áreas da biologia atual, como na classificação de organismos a partir de dicotomias (prática corrente na construção de chaves de identificação da sistemática biológica) e na manutenção de um determinado espécime (o holótipo) como conrrespondente à "essência" de uma nova espécie
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Em O nome da rosa, há outras referências interessantes aos estudantes de filosofia da ciência. O personagem vivido por Sean Connery, o frei franciscano William de Baskerville, tem seu nome derivado do escolástico William de Ockham, celebrizado pelo conceito da parcimônia ontológica, segundo o qual as entidades explicativas não devem se multiplicar sem necessidade. Tal princípio, um dos fundamentos da ciência moderna, também remonta à Aristóteles, para o qual “a Natureza não faz nada em vão, nem faz nada de supérfluo”, como se pode ler no seu tratado Partes do animais. O frei William trabalha como um detetive, procurando evidências para corroborar suas hipóteses sobre quem é o assassino dos monges da abadia. Em contraposição à percepção metafísica “exagerada” (como provavelmente diria Ockham) dos monges, que relacionavam as mortes ao livro do Apocalipse e à chegada do fim do mundo, Baskerville procurava nos fatos observáveis o apoio para as suas explicações mais simples para os fenômenos observados. Fica evidente que o frei emprega o que hoje se convencionou chamar de raciocínio hipotético-dedutivo, que parte de premissas gerais, as quais orientam a busca por evidências, que auxiliarão no desenvolvimento e no aperfeiçoamento das hipóteses iniciais, por vezes levando ao descarte destas em prol de explicações alternativas.
Há outros exemplos na obra do uso e da importância da parcimônia. Quando estão perdidos no interior do labirinto que leva à biblioteca na torre do convento, frei William e seu aprendiz Adso procuram uma forma de escapar do lugar. William tenta usar o raciocínio para buscar uma saída, mas é interrompido pelo jovem aprendiz, que mostra uma solução muito mais simples - mais parcimoniosa, em um sentido quase popularesco - para o problema.
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A obra de Umberto Eco, muito mais rica em sua versão escrita (lançada em 1980) do que na cinematográfica, é leitura recomendada. É um livro que diverte sem ser estúpido - como é o caso do execrável Código da Vinci, escrito (?) pela fraude literária que atende por Dan Brown - e a partir do qual é possível vislumbrar como foi o mundo sob a influência dominadora da Igreja durante a Idade Média, e também quais foram as pré-condições, existentes à época, que possibilitaram a revolução científica do século XV, uma das bases fundamentais para a visão de mundo dos nossos dias.
14 comentários:
Comparar o filme ao livro, já foi um pecado venial grave!... (Como penitência, sugiro a leitura de "A Ilha do Dia Anterior" - este, sim, um compêndio sobre o que passava por "ciência" no Medievo)
Mas, comparar com Dan Brown???!!! O fantasma de Jorge de Burgos não vai lhe dar sossego!
Hehehe...
Disse isso porque já ouvi a comparação do Nome da Rosa com o Código da Vinci... inclusive em um desses programas sobre literatura "Se você gostou do livro do Umberto Eco, leia também o do Dan Brown".
Acredito que assistir ao filme possa ser uma primeira aproximação do interessado no assunto. Fiz isso em alguns cursos sobre filosofia da ciência e epistemologia, com resultados variados. Mas toda a experiência cinematográfica é facilmente superada logo de cara pela leitura do primeiro capítulo da obra, com a estupenda exposição sobre o método hipótetico-dedutivo do frei William aos monges assustados à procura do cavalo desaparecido...
Muito legal este ensaio, assim como todos os outros.
Um estímulo para quem ainda não leu o livro.
Você poderia aproveitar a sessão cinema e escrever sobre alguns documentários de divulgação científica, cujos autores são bons escritores (Richard Dawkins e Carl Sagan).
Parabéns!
Estava escrevendo sobre a influência de Aristóteles na cultura ocidental (até aos dias de hoje)...por mera curiosidade procurei no google "nome da rosa" e aristoteles e caí direto no seu artigo.
Muito bom, pois desperta o interesse em quem nem leu o livro nem viu o filme.
Vale a pena lembrar a homenagem que Eco faz a Doyle com seu franciscano detetive e correspondente discípulo.
Olá! Estou fazendo um trabalho universitário e preciso de uma ajuda em relação a Análise Filosófica do livro. Se puder responder agradeço muito... Att, Michele.
Um pecado essa comparação. ate gostei da postagem, mas sinceramente tenho grande apreço por Dan e me senti (sem necessidade) desconfortável com a sua posição.
alguém poseria me dizer quais os conhecimentos sensitivos,teólogicos e filósoficos desse filme?
Olá nesses filme o nome da rosa ,quais foram os maiores filosofis???
Aristóteles
Oi gente, como a vedada é retrata no filme ? Se alguém poder me ajudar serei grata. ..
A partir do filme Nome da Rosa apresente o seu entendimento a relação entre a Ciência e Filosofia
Alguém pode me ajudar por favor
Ola boa tarde, me ajudem por favor...
O filme o nome da Rosa apresenta-nos um panoramas de como era a vida na idade media, especificamente a vida dos mosteiros.
Ops...a voda nos mosteiros
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