sexta-feira, 29 de abril de 2011

Escolas acabam com a criatividade



Sir Ken Robinson é um autor britânico, conselheiro internacional em educação. Sua palestra na conferência TED (Technology Entertainment and Design), em 2006, nos faz pensar como o nosso sistema educacional é um poderoso instrumento para acabar com a criatividade das crianças...
A palestra pode ser assistida no endereço abaixo (com legendas em português):
http://www.ted.com/talks/lang/por_br/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html

terça-feira, 26 de abril de 2011

Não se ensina ciência no Brasil!

Ainda Feynman e o ensino...


A notícia veiculada recentemente sobre a posição do Brasil no ranking da educação feito pela Unesco (88º em 127 países analisados!) vai ao encontro do cenário apresentado pelo físico ganhador do Nobel Richard P. Feynman quando da sua passagem por aqui, na década de 1950. Os trechos são do Surely you’re joking, Mr Feynman! (1985), traduzido para o português como Deve ser brincadeira, Sr. Feynman! e lançado em 2000 pela Editora da Universidade de Brasília. As ênfases são minhas.


“Depois de muita investigação, finalmente descobri que os estudantes tinham decorado tudo, mas não sabiam o que queria dizer”.
p. 238

“Então, você vê, eles podiam passar nas provas, ‘aprender’ essa coisa toda e não saber nada, exceto o que eles tinham decorado”.
p. 239

“Uma outra coisa que nunca consegui que eles fizessem foi perguntas. Por fim, um estudante explicou-me: ‘Se eu fizer uma pergunta para o senhor durante a palestra, depois todo mundo vai ficar me dizendo: Por que você está fazendo a gente perder tempo na aula? Nós estamos tentando aprender alguma coisa, e você o está interrompendo, fazendo perguntas’.
Era como um processo de tirar vantagens, no qual ninguém sabe o que está acontecendo e colocam os outros para baixo como se eles realmente soubessem. Eles todos fingem que sabem e se um estudante faz uma pergunta, admitindo por um momento que as coisas estão confusas, os outros adotam uma atitude de superioridade, agindo como se nada fosse confuso, dizendo aquele estudante que ele está desperdiçando o tempo dos outros.
Expliquei a utilidade de se trabalhar em grupo para discutir as dúvidas, analisá-las, mas eles também não faziam isso porque estariam deixando cair a máscara se tivessem de perguntar alguma coisa a outra pessoa. Era uma pena! Eles, pessoas inteligentes, faziam todo o trabalho, mas adotaram essa estranha forma de pensar, essa forma esquisita de autopropagar a ‘educação’, que é inútil, definitivamente inútil!”.
p. 240-241

“Daí eu disse: ‘O principal propósito da minha apresentação é provar aos senhores que não se está ensinando ciência alguma no Brasil’”.
p. 242

“Por fim, eu disse que não conseguia entender como alguém podia ser educado neste sistema de auto-propagação, no qual as pessoas passam nas provas e ensinam os outros a passar nas provas, mas ninguém sabe nada”.
p. 244

“O outro estudante que havia se saído bem em sala de aula tinha algo semelhante a dizer. O professor que eu havia mencionado levantou-se e disse: ‘Estudei aqui no Brasil durante a guerra quando, felizmente, todos os professores haviam abandonado a universidade: então aprendi tudo lendo sozinho. Dessa forma, na verdade, não estudei no sistema brasileiro’.
Eu não esperava aquilo. Eu sabia que o sistema era ruim, mas 100 por cento – era terrível!”.
p. 244



O ensaio 'O americano, outra vez', do qual forem extraídos esses trechos, deveria ser leitura obrigatória tanto para docentes quanto para alunos de ciências de qualquer escola brasileira.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Richard Feynman e suas aulas

Do Epílogo de The Feynman Lectures on Physics (1964):

Finally, may I add that the main purpose of my teaching has not been to prepare you for some examination - it was not even to prepare you to serve industry or the military. I wanted most to give you some appreciation of the wonderful world and the physicist's way of looking at it, which, I believe, is a major part of the true culture of modern times. (There are probably professors of other subjects who would object, but I believe that they are completely wrong).
Perhaps you will not only have some appreciation of this culture; it is even possible that you may want to join in the greatest adventure that the human mind has ever begun.
Em tradução livre:

Finalmente, posso acrescentar que o propósito principal das minhas aulas não foi prepará-los para alguma prova - nem de prepará-los para servir à indústria ou aos militares. O que eu mais queria era lhes dar um vislumbre do mundo maravilhoso e de como um físico olha para ele, que, eu acredito, é uma parte importante da verdadeira cultura dos tempos modernos. (Provavelmente existem professores de outras matérias que objetariam, mas acredito que eles estejam completamente errados).
Talvez vocês não apenas tenham um vislumbre dessa cultura; é até mesmo possível que queiram se juntar à maior aventura que a mente humana jamais começou.
Você certamente não estava brincando, Sr. Feynman!