terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Top 10 livros do (meu) ano

Listados em ordem alfabética pelo nome do autor, seguem os 10 livros que mais me marcaram no ano de 2011.


Charles Bukowski (1982) Misto-quente.
Sobre a infância, adolescência e início da vida adulta de Henry Chinaski, espécie de alter ego de Bukowski. Livro sincero, duro e aflitivo, passado no período da Grande Depressão norte-americana do século passado. Um Bukowski pouco condescendente consigo mesmo, com seus pais, com seu país, bem distante da imagem auto-importa do velho safado. "Mas vá se aproximar e ouvir seus pensamentos escorrendo boa afora, você vai sentir vontade de cavar um buraco ao sopé de uma colina e se entrincheirar com uma metralhadora" (p. 270).

Christopher Hitchens (2010) Hitch-22.
Auto-biografia de um dos grandes jornalistas e polemistas dos últimos 30 anos. Hitchens não poupa ninguém em um tour-de-force sobre política, economia, literatura e amizades. Passagens saborosas sobre seus relacionamentos com Martin Amis, Ian McEwan, Salman Rushdie e opiniões fortes sobre a guerra, as religiões e a condição humana fazem desse livro essencial. O "controvertido" Diogo Mainardi não passa de uma pulguinha perto de Hitchens, que morreu no último dia 15 de dezembro. 

David Mazzucchelli (2009) Asterios Polyp.
Extraordinária graphic novel, do mesmo ilustrador de Batman Ano Um e A queda de Murdock, sobre um arquiteto de 50 anos que tenta refazer a vida após um acidente em seu apartamento. Diagramação genial, uso das cores e da tipografia sem paralelos em qualquer outra história em quadrinhos e um texto triste e, ao mesmo tempo, redentor. Tem talvez o melhor final que já apareceu em uma HQ (ou mesmo de qualquer obra de ficção, seja filme ou livro).

Frank Ryan (2009) Virolution.
A seleção natural, cerne da teoria sintética da evolução, é o processo suficiente para explicar a evolução dos organismos? Ryan discute a necessidade de uma extensão da síntese moderna da teoria da evolução, apontando para a importância de conceitos como simbiogênese e herança epigenética para a geração da diversidade biológica. Além disso, aqui se discute o papel dos vírus como responsáveis diretos pelo aumento da variação e porque a maioria dos questionamentos acerca esse grupo (são seres vivos? não são?) está desfocada.

Ian McEwan (2010) Solar.
Conta as desventuras de um físico ganhador do prêmio Nobel, Michael Beard, transformado em um burocrata trabalhando em um projeto governamental voltado a estudos sobre aquecimento global. McEwan é tão bom escritor que não deveria ser lido por qualquer um que sonhe em viver de literatura (a comparação sempre seria injusta, para dizer o mínimo). Descubra aqui porque você não deve tentar urinar do lado de fora da sua cabana quando estiver visitando o Ártico...

Mario Livio (2010) [2009] Deus é matemático? 
A matemática pode ser considerada uma descoberta ou uma criação humana? O astrofísico Mario Lívio sugere que ambas as respostas estão certas: a matemática surge como linguagem para descrever a natureza mas também é parte indissociável dela. Observação: o livro não fala de religião; esse "Deus" do título é o mesmo de Spinoza e de Einstein…

Philip K. Dick (2006) [1962] O homem do castelo alto.
Ficção especulativa distópica que se passa em um mundo no qual os Eixo ganhou a Segunda Guerra Mundial. O mundo está dividido em zonas de influência nazista e nipônica. O I-Ching é o oráculo que dita os caminhos. Um autor imagina como seria a realidade caso os Aliados tivessem vencido. P.K. Dick menos paranóico mas não menos genial e obrigatório.

Ray Bradbury (2007) [1953] Fahrenheit 451.
Livros são queimados por "bombeiros" em um mundo futuro dominado pela televisão e pela ausência de opiniões. Bradbury, nos anos 1950, prevê com absoluta precisão a influência das mídias de massa na sociedade humana contemporânea. "Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver, dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum" (p. 79).

Reinaldo Moraes (2009) Pornopopéia.
Conta a história de um ex-cineasta marginal (sua produtora se chama "Khmer Videofilmes - uma produtora, muitas cabeças", referência óbvia ao regime comunista ditatorial e sanguinário do Camboja na década de 1970), que ganha a vida fazendo comerciais vagabundos, em meio a farras de drogas e sexo no dark side da cidade de São Paulo. Para quem acha que não existe literatura inteligente e com voz própria no Brasil, "Pornopopéia" é uma grande pedida.

Steven Johnson (2010) De onde vêm as boas idéias.
Livro rápido e interessantíssimo sobre a importância das interrelações e das redes de contatos para o surgimento da inovação e de grandes mudanças conceituais. Johnson fala de como a emergência é dependente do contexto - e.g., a possibilidade do aparecimento de novas idéias em uma cidade metropolitana é maior do que em um vilarejo do interior especialmente por conta da maior probabilidade do encontro entre pessoas com os mesmos interesses e/ou referenciais.

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