sábado, 14 de fevereiro de 2015

Treinando macacos para o circo


Dê uma boa olhada nessa foto. Analise a expressão do macaco esperando ser ensinado pelo seu professor a fazer malabarismos e agradar às milhares de pessoas ávidas por diversão e entretenimento. Tente imaginar o que se passa na sua mente dita primitiva.

Nossa espécie, o Homo sapiens, é apenas um dentre mais de um bilhão de ramos da árvore da vida que viceja no planeta Terra. Infelizmente, nossos sistemas sociais ainda baseiam sua organização ética na centralidade humana, o que ignora realidades já compreendidas pela ciência e justifica a utilização instrumental que o homem faz da natureza. Essa prática especista dá ao Homo sapiens o auto-instituido direito de subjugar quaisquer outros organismos, explorando-os de forma cruel, escravizando-os e, muitas vezes, assassinando-os sem cerimônia.

Há mais de 130 anos, Charles Darwin (1809-1882) escreveu no The Descent of Man (A ancestralidade do homem): "O fato de que os animais inferiores são estimulados pelas mesmas emoções que nós mesmos está tão bem estabelecido que não será necessário cansar o leitor com detalhes. Atos de terror agem da mesma maneira neles e em nós, causando tremores nos músculos, o coração a palpitar, o relaxamento dos esfíncteres e o arrepio dos cabelos". A despeito do uso do termo inferior, Darwin nos dizia que todas as espécies do planeta compartilham atributos, mesmo que elas estejam evolutivamente muito distantes. Nós temos características em comum com amebas, planárias, baobás, cogumelos, moluscos, baratas, caranguejos, tartarugas, golfinhos, gatos, vacas e pandas. E macacos.

Agora dê outra boa olhada na foto acima. 

Em Suzhou, na província de Anhui (na China), onde a foto foi tirada, existem mais de 300 trupes de circo. O fotógrafo responsável pelo registro é Yongzhi Chu, premiado na categoria Natureza na World Press Photo of the Year (2014).

2 comentários:

Peterson Lopes disse...

Puxa. E eu achava que você encerraria o post dizendo que a foto era de 1914... Se bem que não me surpreende. Isso sem contar o confinamento dos bichos e plantas ditos "de estimação"...

Charles Morphy D. Santos disse...

Pois é, Peterson. A foto é do ano passado. Infelizmente isso deve ser muito comum mundo afora. Nem precisamos ir longe: há muitas trupes de circo brasileiras que ainda fazem "espetáculos" escabrosos com bichos. Sem contar nos rodeios, que levam milhares de pessoas às arenas pra ver tortura explícita de animais...
Abraço!